Marcadores

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A história de Caim e Abel

 
Você pode estar pensando que a história de Caim e Abel não tem muita a ver com a sua realidade. Você nunca chegaria ao extremo de matar alguém por pura raiva afinal, não é?


Jesus nos ensinou que essa história tem muito mais a ver conosco do que imaginamos.  Quando nos iramos contra alguém, quando desejamos o seu mal, quando o invejamos… já o assassinamos em nosso coração.

Quem foram Caim e Abel?

Adão e Eva tiveram filhos após serem expulsos do jardim do Éden. Primeiro, Eva concebeu Caim e depois Abel. Abel se dedicava a cuidar de ovelhas e Caim era agricultor.

A morte de Abel

Certo dia Caim ofereceu a Deus alguns produtos de sua agricultura e Abel ofereceu o seu melhor cordeirinho.  Deus se agradou de Abel, mas rejeitou a oferta de Caim. Com isso Caim ficou furioso e teve inveja de seu irmão.

Deus tentou conversar com Caim dizendo:

Por que você está com raiva? Por que anda carrancudo?  Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo; mas você agiu mal, e por isso o pecado está na porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo. (Gênesis 4:7)

Depois destas coisas, Caim convidou o seu irmão para ir até o campo e lá o matou.

Deus o encontrou e perguntou:

– Por que você fez isso Caim? O seu irmão da terra clama a mim por vingança. De agora em diante você não colherá mais nada da terra. Você irá andar errante pelo mundo.

Caim respondeu:

– Não vou poder suportar esse castigo, porque quem me encontrar vai me matar, com certeza!

Isso não vai acontecer. Pois, se alguém matar você, serão mortas sete pessoas da família dele, como vingança. (Gn 4:15)

Em seguida Deus lhe colocou um sinal para que se alguém o encontrasse não o matasse.

Caim saiu da presença do Senhor e foi morar em Node (localizado a leste do jardim do Éden).

Por que Deus rejeitou a oferta de Caim e aceitou a de Abel ?

Há muitas especulações a esse respeito.  Listamos abaixo as principais linhas de pensamento:

  • Deus se agradou mais da oferta de Abel porque ele tem uma clara preferência por sacrifícios de carne/sangue do que frutas e verduras. O sangue seria o elemento reconciliador entre Ele e os homens.
  • Abel “fez exatamente o que Deus pediu” em oposição a Caim, que inventou algo de sua própria cabeça.
  • A reação de Deus não tem a ver com o sacrifício, mas com o caráter dos dois homens. De acordo com I João, Caim sempre foi “malvado” e isso justificaria a rejeição que sofreu.
  • A reação de Deus se justifica pela postura do coração de cada um dos irmãos na hora do sacrifício. Abel agiu com fé (Hb 11:4) ao passo que Caim não estava acreditando no significado de seu sacrifício.
  • Deus preferiu Abel porque ele escolheu as primícias, o melhor do que tinha para oferecer, enquanto Caim não.

Obviamente, algumas das hipóteses podem ser compreendidas conjuntamente.

Citações de Caim e Abel em outros lugares da Bíblia:

Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas” (1 Jo 3.11, 12)

Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Pela fé ele conseguiu a aprovação de Deus como homem correto, tendo o próprio Deus aprovado as suas ofertas. Por meio da sua fé, Abel, mesmo depois de morto, ainda fala. (Hebreus 11:4)

O assassinato e o conselho de Deus

Algum tempo depois dessa história, Deus escreve, por meio de Moisés, o mandamento “Não matarás”. Esse mandamento regulava a vida do povo de Israel no Antigo Testamento. O julgamento em caso de assassinato também foi proposto por Deus da seguinte forma: aquele que matou também deve ser morto, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.

Isso servia para regular, por exemplo, a vingança desproporcional, como ocorreu no caso de Lameque que afirmava, se gabando:

Matei um homem por causa de ferimentos que me causara; e uma criança porque me ofendeu. Ora, se Caim é vingado setes vezes, Lameque pode ser, setenta vezes sete!” (Gn 4:23)

O assassinato depois de Jesus

Jesus trouxe ainda mais luz para compreendermos como Deus enxerga o assassinato, ele ensina em seu sermão:

Vocês ouviram o que foi dito aos pais de vocês “Não Matarás”. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: “tolo” será réu do fogo do inferno

Ou seja, aquele que alimenta ira indevida contra o seu irmão, já o assassinou em seu coração.

Como podemos lidar com a ira

O sentimento que causou a tragédia na história de Caim e Abel foi a ira indomada de Caim. Quando Deus percebeu essa ira ele o advertiu dizendo “o pecado jaz a porta, mas cumpre a ti dominá-lo”.  A ira jamais pode ser senhora da razão.

Todo o ser humano é por natureza violento e competitivo.  Queremos ser melhores e nos  sentir melhores do que os outros. Não suportamos a ideia de nos vermos em uma posição inferior. Como Caim, não conseguimos enxergar o outro “sendo honrado por Deus” em detrimento de nossa própria glória.

O conselho de Deus para nós continua sendo o mesmo:

“cumpre a ti dominar o teu sentimento”.

E tendo feito isso, poderemos viver como verdadeiros irmãos.

A armadura de Deus

 

Precisamos da cobertura de toda a armadura de Deus, assim como um soldado romano, da época de Paulo, precisava armar-se para a batalha: nenhuma parte, ou membro do corpo, podia ficar descoberto! Essa armadura era um conjunto de armas metálicas que protegia o corpo dos guerreiros:

O CINTURÃO DA VERDADE

Sl 15:1-2Sl 91:4Pv 12:17Is 45:19bJo 8:32Rm 2:2Ef 4:151 Jo 2:4.

Cinturão é uma cinta larga, geralmente de couro, em que se penduram armas ou ferramentas. O cinto também é um símbolo de proteção (protege as partes geradoras de vida!). Na luta contra as trevas, se não estamos cingidos com a verdade, nos falta uma parte essencial da armadura! E se não estamos falando e vivendo a verdade, ficamos estéreis, infrutíferos para o Senhor (Jo 15:8).

A COURAÇA DA JUSTIÇA

Gn 18:19Sl 45:7Ef 4:24Ap 19:8.

Couraça é uma armadura defensiva que cobre o peito e as costas (onde ficam os órgãos vitais). O homem cujas práticas são pautadas na justiça é uma pessoa íntegra em sua conduta! Quando a Palavra fala de “justiça”, fala da justiça de fato: a justiça de Deus, pois a justiça humana não passa de “trapo de imundícia” (Is 64:6)!

OS CALÇADOS DA PREPARAÇÃO DO EVANGELHO DA PAZ

“Calcem sapatos que possam fazê-los andar depressa ao pregarem a boa nova da paz com Deus” (BV).

Is 52:7; Is 9:6: O Evangelho da Paz é o Evangelho do Reino, ou seja, a proclamação do governo de Cristo! “O teu Deus reina!” é a mensagem! Este evangelho é de paz porque na medida em que nos submetemos ao governo de Cristo, e esse governo vai aumentando em nós, temos a paz de Cristo governando os nossos corações.

Os pés são a base do corpo; dão sustento e levam o corpo ao seu destino. Os pés representam nosso andar! Calçar os pés com a preparação do evangelho da paz representa o “ide” de Jesus.  Mas não só isso; quer dizer que devemos ir preparados, treinados no evangelho do reino, sem pervertermos o evangelho de Cristo, andando nEle, em santidade de vida (Mt 28:18-20Gl 1:6-7, 11).

O ESCUDO DA FÉ

A fé revela nossa limitação e incapacidade, e por isso mesmo, nossa confiança em Deus, que tudo pode! Além disso, a fé nos protege dos dardos inflamados do maligno; justifica-nos (Rm 5:1); agrada a Deus (Hb 11:6); o justo vive por ela (Hb 10:38); se expressa em obras (o fruto revela a árvore) (Tg 2:17). Vale lembrar que, numa batalha em campo aberto, os soldados ficam mais protegidos dos dardos inflamados lançados pelo inimigo, quando se juntam fazendo seus vários escudos parecerem um só! Quando estamos juntos, nossa fé é aumentada, e assim não somos atingidos tão facilmente.

O CAPACETE DA SALVAÇÃO

O capacete protege a cabeça. Na cabeça está o cérebro, outra parte vital do corpo. No cérebro está o que chamamos de mente, ou os pensamentos. O capacete da salvação protege nossa mente das mentiras do diabo e das influências do mundo (Rm 12:2Is 60:18). Devemos nos revestir da salvação (2 Cr 6:41Sl 132:16)!

A ESPADA DO ESPÍRITO

A Palavra de Deus – a Bíblia –, é muito importante nesta guerra, pois traz cura para as feridas causadas pelo inimigo (Sl 107:20), e também porque corremos risco de morte quando não a conhecemos ou rejeitamos. A pregação da palavra também gera fé nos nossos corações (Rm 10:17); é fiel e digna de toda aceitação (1 Tm 4:9), deve abundar em nós (Cl 3:16); ser bem manejada (2 Tm 2:15) e pregada a tempo e fora de tempo (2 Tm 4:2).

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus […]”. Por que temos esta orientação do Espírito de Deus?

Porque estamos em guerra, e nossos inimigos não são carnais, mas espirituais e muito poderosos! Estamos em luta, em plena guerra (uma soma de batalhas)! E nossos inimigos não são pessoas; não são nossos vizinhos, colegas, aqueles que se interpõem no nosso caminho, e muito menos nossos irmãos em Cristo. Definitivamente isto tem que estar bem claro: “[…] embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas; anulando nós, sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Co 10:3-5).

Contra essa corja de inimigos não podemos lutar de “qualquer jeito”, nem com “qualquer arma”, nem tampouco usarmos “armadura humana” (1Sm 17:38-40)!

Em Atos 19:13-16, vemos que a autoridade delegada por Jesus (Lc 10:19) é estrita aos seus discípulos, àqueles que vivem sob o seu senhorio, àqueles que andam com Ele e, por Ele são enviados (Mc 3:13-14)! Não existe poder mágico nas palavras: “no nome de Jesus”“há poder no sangue de Jesus”! Há poder, sim, no nome de Jesus, mas principalmente, na sua pessoa. Se estamos nEle, Ele agindo através de nós, e nós sob a sua autoridade; aí, sim, os inimigos se submetem! Que fique bem claro: a armadura de Deus é para soldados e discípulos, não para simpatizantes do evangelho!

E para quê ele nos orienta assim?

Para ficarmos livres das ciladas do inimigo! Cilada é uma armadilha; é astúcia, esperteza e engano. Enganar é levar ao erro através de ilusão, disfarce, etc. Satanás não tem poder sobre nós, os filhos de Deus! Por isso, tentará nos induzir ao erro, pois só terá autoridade sobre nós se nos sujeitarmos a ele. A escolha será sempre nossa! Nosso inimigo pode vir disfarçado de um “coração cheio de boas intenções” (Jr 17:9); como um irmão “cogitando das coisas dos homens e não das de Deus” (Mt 16:22-23); pode vir com a palavra de Deus, mas pela metade ou deturpada (1 Tm 4:1-21 Tm 6:3-52 Pe 2:1-2, 17At 17:11); ou até mesmo como um “anjo de luz” (2 Co 11;14). Daí a necessidade de habitarmos (estarmos sempre junto, morando…) no esconderijo do Altíssimo (Sl 91:3) e revestidos de toda a armadura de Deus!

Para resistirmos no dia mau! Uma excelente palavra de Jesus sobre este assunto está registrada em Mateus 7:24-27 todos podemos ser visitados por fortes chuvas, enchentes, tempestades, vendavais, etc. Mas, a nossa salvação estará em sermos praticantes das verdades proferidas por Jesus, e assim estarmos firmados sobre a rocha que sustentará nossa casa em pé!

Para permanecermos inabaláveis após a vitória! Uma guerra é feita de muitas batalhas e lutas. Vestidos de toda a armadura de Deus, sempre que vencermos uma batalha, estaremos firmes e ainda abundantes na obra do Senhor, sabendo que, nEle, nosso trabalho não é vão (1 Co 15:57-58), e a vitória, garantida: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o filho de Deus?” (1 Jo 5:4-5). Até que venha a próxima batalha…

E COMO PODEMOS NOS VESTIR DESSA ARMADURA DISPONÍVEL A NÓS TODOS?

O apóstolo nos responde: “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”! As palavras que saltam aí são: “oração”, “súplica”, “em todo tempo”, “no Espírito”, “vigiando”, “toda perseverança”, “por todos os santos”.

Aqui aprendemos muitas coisas:

Temos que orar (1 Tm 2:1-4);

Orar sem cessar (1 Ts 5:17);

Mas não orar de qualquer jeito: uma oração nascida e guiada pelo Espírito Santo, que nos assiste na nossa fraqueza e conhece a mente do Pai, e assim pode interceder adequadamente pelos homens (Rm 8:26,27);

Com súplicas. Orar com súplica é orar com humildade, reconhecendo nossa situação de necessitados, de pecadores; é orar e permanecer orando; é não desistir antes de vir a resposta, é ser insistente. É orar segundo a necessidade (Dn 10:2,3Ne 1:4);

Vigiando com toda a perseverança. Significa que não podemos nos dar o luxo de ficarmos “regalados” em oração, afinal estamos em guerra! É mais ou menos “orar com um dos olhos aberto”! E novamente vemos aí a exortação a não desistirmos, a orarmos até o fim (At 1:14);

Por todos os santos! Nossa oração e súplica não pode ser egoísta, voltada apenas para nossos problemas pessoais, pois enquanto buscamos o “Reino de Deus e sua justiça”, as nossas necessidades serão prontamente supridas pelo Senhor (Mt 6:33)!

A maior parte do nosso tempo de oração deve ser destinada à intercessão pelos outros (2 Tm 2:1), conforme o exemplo deixado por Paulo que fazia isso pelos seus amados irmãos (Fp 1:3,4Cl 1:9-121 Ts 1:2-4), certamente sempre guiado em suas orações pelo Espírito Santo de Deus.

Por Aguilar Lopes