Tiago 2.14-26
A verdadeira fé salvadora em Cristo mostrar-se-á inevitavelmente no caráter e na conduta do crente, produzindo obras de obediência e de amor - isto é, de obediência a Deus e de amor para o próximo. Sem essas obras, a "fé" professada será somente de boca ou da mente.
Na verdade, nenhum descrente pode trazer tanto descrédito ao ministério do Evangelho como um "crente" que tem mau testemunho - cujas obras não correspondem à sua profissão de fé.
A FÉ MORTA 14-17
Eis uma espécie de fé que é somente teórica ou intelectual, mas sem contato real com Deus. A pessoa crê que a Bíblia é certa, que o Evangelho a respeito de Jesus e a salvação (ou a perdição) é a verdade, pode dizer-se "crente" e ser membro de uma igreja - porém não se vê na sua conduta evidência alguma do senhorio e do amor de Cristo. Tal pessoa "crê" tudo, como doutrina, mas não permite que a sua "crença" guie a sua vida; não "nasceu de novo" - a sua fé é tão inútil como a "caridade" que se condói, em palavras do necessitado, mas embora podendo, nada faz para aliviá-lo.
A FÉ INOPERANTE 18-20
A fé que é somente intelectual, aceitando a existência de Deus e a verdade da Escritura, não é melhor do que a crença dos demônios; eles sabem que Deus existe e que a Sua Palavra é a verdade - mas não são por isso salvos e tremem na contemplação do seu destino horrível.
Os "pagãos" têm muitos "deuses", aos quais servem por medo. A Escritura diz que estes "deuses" são realmente demônios (1a. Coríntios 10.19-20); todavia, há "cristãos" que dizem, indignados que "não são pagãos", porém a sua fé não vai além da dos demônios: crêem em Deus, mas não O amam, nem a Ele obedecem.
A fé que não se mostra por meio de uma vida convertida, por meio de um amor que obedeça à vontade de Cristo - tal fé é inoperante para a salvação, pois o seu possuidor nunca recebeu a Jesus Cristo como SENHOR da sua vida (Tomanos 10.9). Cristo não vive nele (Gálatas 2.20).
A FÉ JUSTIFICADORA 21-26
Neste trecho, Tiago mostra dois exemplos, tirados do Velho Testamento, de pessoas cuja fé em Deus foi claramente demonstrada pelas obras que fizeram como crentes - não para se salvarem, mas como resultado de já serem salvas. Tanto Abraão como Raabe eram crentes em Deus antes de fazerem as obras mencionadas aqui por Tiago - veja Gênesis 15.16; Josué 2.9-11. Esta sua fé salvadora, já conhecida por Deus, foi revelada aos homens pelas obras que ela produziu neles em certas circunstâncias - pela prontidão de Abraão em preparar-se para oferecer a seu filho Isaque em holocausto a Deus e pela ajuda que Raabe deu aos espias israelitas, arriscando assim a própria vida dela.
Estas "obras" não salvaram a Raabe nem a Abraão, pois "pelas obras ninguém se salva" (Romanos 3.20) - mas eram a prova ou o fruto da fé por meio da qual já tinham sido salvos; eram as "boas obras" que achamos na exortação de Mateus 5.16 - "brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" e em 1a Pedro 2.12 - "mantendo o vosso procedimento no meio dos gentios para que naquilo que falam contra vós como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação".
Assim, Pedro, Tiago, Paulo e João estão de acordo neste assunto:
- "Somos feitura dEle (de Deus) criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2.10).
- "Nós O amamos, porque Ele nos amou primeiro" (1a. João 4.19).
- "Observando-vos em vossas boas obras" ( 1a. Pedro 2.12).
- "Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras está morta" (Tiago 2.26).
Que a nossa fé seja viva e operante, produzindo os frutos que serão para a glória de Deus.
Richard Dawson Jones (1895 - 1987)
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